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Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados Livres

 

Geraldo Zimbrão

 

Os sistemas gerenciadores de bancos de dados (SGBDs) são uma peça fundamental na infra estrutura de software de qualquer empresa, seja ela de informática ou não. Um SGBD confiável deve apresentar uma série de funcionalidades, tais como: segurança dos dados, consistência, disponibilidade, recuperação de falhas, desempenho, controle de concorrência, etc. No entanto, os SGBDs comerciais existentes costumam cobrar muito caro por estes recursos, especialmente devido ao esquema de licenciamento empregado, que costuma levar em consideração o número de usuários simultâneos e/ou a configuração do servidor. Não é raro encontrar exemplos de aplicações, especialmente as mais simples, onde mais da metade do custo da aplicação é representado pela licença do SGBD. A situação se torna ainda mais crítica para as aplicações em produção, pois muitos dos contratos de uso de SGBDs envolvem renovação anual da licença, gerando algum tipo periódico de custo. Contudo, este cenário está mudando significativamente em especial nos dois últimos anos. Seguindo o rastro de outras aplicações livres, tais como navegadores, ferramentas de e-mail, servidores web, editores de texto, planilhas etc., começam a aparecer opções competitivas de SGBDs open source e gratuitos, tais como o MySQL, PostgreSQL, Firebird, SapDB/MaxDB e BerkeleyDB. Este artigo apresenta uma série de considerações estratégicas fundamentais para quem considera a hipótese de adotar um SGBD livre para o desenvolvimento de uma aplicação, realizando algumas comparações entre os produtos e indicando suas principais vantagens e desvantagens. Em particular, observaremos alguns aspectos técnicos de cada sistema, ressaltando, no entanto, o ponto de vista estratégico de um tomador de decisões. Essa ressalva é importante, pois é muito comum encontrar opiniões extremamente passionais no ambiente da comunidade de software livre. Que fique claro, portanto, que neste artigo não estamos discutindo simplesmente qual é o melhor SGBD livre – essa seria uma discussão interminável e infrutífera.

 

SGBDs Livres × SGBDs Comerciais

Antes de prosseguir, sejamos realistas: não há, no momento, nenhum SGBD livre que consiga superar em todos os quesitos os recursos oferecidos por um bom banco de dados comercial, como por exemplo o Oracle, DB2, SQL Server e alguns outros. Por outro lado, há SGBDs livres que são gratuitos mesmo para uso comercial (PostgreSQL e Firebird) e outros que apresentam uma licença dual (ver nota sobre licença DUAL), mas ainda assim essas licenças são bem mais baratas que os SGBDs comerciais. Se considerarmos o TCO (Total Cost Ownership – custo total de propriedade), em diversas situações um SGBD livre estará em vantagem sobre um SGBD comercial. Licença DUAL O MySQL possui uma licença DUAL, onde seu uso é gratuito para qualquer aplicação distribuída sob a licença GPL (GNU Public License). Nesse modelo, qualquer projeto/software que utilize o MySQL gratuitamente, deverá distribuir o código do projeto seguindo os termos da licença GPL. Os que não quiserem distribuir o código do projeto, deverão pagar pelo uso do MySQL através da aquisição de uma licença comercial. A questão chave é: até que ponto determinada aplicação necessita de todos os recursos oferecidos pelos SGBDs comerciais? Ou seja, será que uma solução livre não atenderia aos requisitos da aplicação? Além disso, devemos considerar e analisar o investimento necessário para implementar uma solução usando um SGBD livre, tais como: treinamento em uma nova tecnologia, compra de livros e outros materiais didáticos, desenvolvimento de uma cultura dentro da organização, e até mesmo troca de hardware para compensar uma possível queda de desempenho do SGBD, ou adicionar segurança através de redundância (espelhamento, etc). Para tornar a questão ainda mais difícil, acrescente o fato de que temos uma variedade cada vez maior de SGBDs livres disponíveis. O suporte sempre foi apontado como um ponto fraco no uso de qualquer software livre. No entanto, a comunidade de desenvolvedores e usuários de SGBDs livres cresceu bastante nos últimos anos. Com isso, houve demanda suficiente para o aparecimento de empresas que oferecem contratos comerciais de suporte para SGBDs livres, criando dessa forma uma alternativa para os que não querem depender exclusivamente da documentação existente, ou da boa vontade de desconhecidos – que embora atendam quase sempre os problemas – não oferecem a segurança de uma responsabilidade definida por contrato. No Brasil podemos citar a DBExperts (PostgreSQL), a FireBase (Firebird) e MySQLBrasil (MySQL e MaxDB), entre outras.

 

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