O crescimento da internet como mídia deu espaço para a criação de uma nova forma de comércio: o comércio eletrônico, conhecido por e-commerce. Segundo Leonardo Moura (2002), esse comércio já movimenta quantias que formam uma parte significativa do PIB de países como os Estados Unidos, por exemplo. Isso ocorreu porque empresas de "fora" da internet passaram a ver a rede como uma excelente fonte de promoção e fortalecimento de suas imagens, além de informação aos clientes, redução de custos operacionais e expansão do mercado.

Estima-se que só no Brasil tenham aproximadamente 2mil sites deste ramo, com apenas com 60% destes ativos (BOLSA DE OFERTAS, 2011). Para (STOCK, 2010) os sites de compras coletivas são utilizadas por empresas que buscam novos clientes e divulgação da marca assim como por consumidores ávidos por descontos e "pechinchas".

O principal objetivo deste novo ramo de negócio é fazer com que uma grande quantidade de pessoas compre determinado produto por um preço bem menor do que o original, assim tanto o cliente comprará por um preço acessível como o vendedor sairá lucrando, visto a grande quantidade de clientes que estão comprando um mesmo produto.

Surgem então os sites especializados na comercialização de produtos, que, assim como as lojas físicas, devem possuir um ambiente agradável e de fácil acesso aos usuários, incitando-os a consumir, através dos sites, o que antes adquiriam em lojas ou pelo telefone, por exemplo. Para que isso ocorra, é necessário que o conteúdo gerenciado, tanto verbal quando visual, seja profundamente pensado para esse fim.

Não é fácil, entretanto, gerenciar conteúdo online, pois tem de ser pensada uma nova forma de criação de informação, visto que a internet difere das demais mídias, como jornal e televisão, por apresentar, segundo J. B. Pinho 2007, dentre outros aspectos: não linearidade, instantaneidade, menor custos de produção e de veiculação e maior interatividade, pessoalidade e acessibilidade.

Apesar da existência dessas diferenças entre a internet e os demais meios, volta e meia o conteúdo online é pensado apenas com base em elementos utilizados nas outras mídias. Esse fato é perfeitamente justificável com base na afirmação de Fernando Villela: "Quando nasce uma nova mídia, em um primeiro momento o conteúdo nela veiculado é diretamente reaproveitado de outro meio que já existe. Com o amadurecimento dessa nova mídia, o conteúdo produzido sob demanda torna-se uma estratégica vantagem competitiva" (VILELLA, apud: RODRIGUES, 2002, p.1).

Focando a internet, a afirmação de Vilella diz que é normal que, no primeiro momento, a internet se utilize de elementos persuasivos pertencentes a outros meios, mas com seu amadurecimento, novas formas de convencimento próprias surgem e se mostram vantajosas às empresas que sabem manuseá-las.

É nesse contexto de crescimento do e-commerce e necessidade de gerenciamento de conteúdo exclusivamente on-line que surge a ideia de organização e padronização. Com isso, o objetivo principal deste artigo é abordar a escassez de literatura especializada sobre arquitetura de informação para sites de compra coletiva e com isso suprir essa escassez propondo uma nova arquitetura. Para isso, serão identificados esses conceitos no site de compras coletivas "Promoção de Ouro", objeto deste estudo.

No item 2 são mostrados os principais conceitos de arquitetura da informação. O item 3 mostra como aplicar a arquitetura da informação para sites de compra coletiva. No item 4 são mostrados alguns trabalhos correlatos que foram necessários para a conclusão dessa pesquisa. No item 5 é apresentado o objeto de estudo que foi utilizado para mostrar para aplicar os conceitos estudados neste artigo, e por último a conclusão deste artigo e as referências utilizadas na pesquisa.

Arquitetura da informação

O termo Arquitetura da Informação foi empregado inicialmente por WURMAN, na década de 1960. Com o crescimento da Internet e sua transformação numa mídia fundamental, o termo foi empurrado para o centro das atenções. Sendo arquiteto por formação, WURMAN estava inicialmente preocupado com a reunião, a organização e a apresentação de informações, com objetivos definidos (EWING, El at. 2003).

Para WURMAN, em seu livro "Information Architects", o arquiteto da informação é definido como o "indivíduo que organiza padrões inerentes aos dados, transformando o que é complexo em algo claro". Pode ser também uma pessoa que "cria a estrutura ou o mapa de determinada informação, de modo a possibilitar a outras que criem o seu caminho pessoal, em direção ao conhecimento”. Uma terceira definição é apresentada pelo autor da seguinte forma: “A.I. é a profissão emergente do século XXI, cujo escopo é formado por necessidades atuais, focalizadas na clareza, na compreensão humana e na ciência da organização da informação".

Para ROSENFELD, a Arquitetura de Informação seria "a arte e a ciência de organizar informações para auxiliar os indivíduos a satisfazerem as suas necessidades informacionais" (SCHANG, El at. 2003). Isto incluiria a organização, a navegação, a titulagem, e os mecanismos de busca dos sistemas de informação. Ela seria parte da análise, do Design e da implementação de um espaço informacional.

WURMAN (apud FOSTER, 2003) definiu a Arquitetura de Informação como a união de três campos bem conhecidos: a tecnologia, o design gráfico e o jornalismo/redação.

Segundo MORVILLE, "com o surgimento da Web, foram produzidos milhares de sites bem simples e apareceram gerentes multifuncionais – os chamados ''webmaster''". Entretanto, o tamanho, a complexidade e a importância dos Web sites começaram a fugir do seu controle. Apareceram então as novas especializações como interaction designer, usability engineer, customer experience analyst e information architect, que dividiram com o webmaster as responsabilidades (apud SOCIETY FOR TECHNICAL COMMUNICATION, 2003).

Para DILLON, a Arquitetura de Informação deveria ser encarada como termo "guarda-chuva", sob o qual coexistem diferentes preocupações de pesquisadores, com diversas autodenominações.

Para Wurman (1991) Arquitetura da Informação trata de organizar a informação para torná-la clara.

No contexto deste estudo será focada a discussão de Arquitetura da Informação em websites. Rosenfeld e Morville (2002) dividem este tipo de arquitetura da informação em quatro grandes sistemas interdependentes. São eles:

  • Sistema de Organização: Define o agrupamento e a categorização de todo conteúdo informacional, ou seja, seu principal objetivo é designar aonde cada item dos sistemas posteriores irão se posicionar no layout.
  • Sistema de Navegação: Especifica as maneiras de navegar, de se mover pelo espaço informacional e hipertextual. Alguns elementos importantes são: Sistemas de Navegação Embutido, que tem por função identificar o website e mostrar a sua posição em relação à Web como um todo; Barra de Navegação Local, que engloba uma sequencia de links para áreas chaves do website; BreadCrumbs possuem a intenção de informar o usuário onde ele se encontra na estrutura do website e prover links para os níveis hierárquicos imediatamente superiores; Cross Content que prove ao usuário uma lista de links relacionados ao conteúdo atual da página.
  • Sistema de Rotulação: Estabelece as formas de representação, de apresentação, da informação definindo signos para cada elemento informativo. Em nosso contexto os principais elementos são: Conseguir falar a língua do usuário, ou seja, adaptar os rótulos do website levando em consideração os dialetos e gírias de cada região; Eliminar a Ambiguidade, isto é, evitar que um usuário pode ter dupla interpretação de um rótulo e deixar o mesmo confuso sobre o que escolher e para onde ir.
  • Sistema de Busca: Determina as perguntas que o usuário pode fazer e o conjunto de respostas que irá obter.

A proposta desta Arquitetura é englobar os sistemas citados acima, formando uma estrutura completa e de fácil utilização.

Arquitetura da informação para sites de compra coletiva

Neste tópico é apresentado uma Arquitetura da Informação voltado para sites de Compra coletiva, com seu "alicerce" nos quatro principais sistemas definidos anteriormente.

Sistema de organização

Na Figura 1 é mostrada a estrutura organizacional da página inicial, onde o usuário poderá facilmente localizar o que deseja.

Sistema de Organização da Arquitetura da Informação

Figura 1: Sistema de Organização da Arquitetura da Informação

No Cabeçalho - Header (1) deve ser adicionado: itens de Menu; Barra de Pesquisa, logomarca da empresa (Sistema de Navegação Embutido) e por fim breadcrumbs para que o usuário localize sua posição atual no site.

No Conteúdo Principal (2), colocamos no máximo N (onde N deve ser sempre menor ou igual a 10 para evitar confusões) produtos cadastrados (ordenados por data de inserção), podendo dar destaque ao último cadastrado, e por fim no Conteúdo Secundário (2), utiliza-se este como CrossContent, inserindo assim do produto N+1 até N+K, onde K é a quantidade de produtos ativos até o momento.

Perceba ainda que (2) e (3) possuem uma relação unidirecional, isso ocorre porque os produtos mostrados em (3) dependem diretamente da quantidade N em (2), pois o produto que estiver em (2) não aparecerá em (3) e vice-versa.

Por fim, no Rodapé - Footer (4), devem ser adicionados os mesmos itens do Menu localizado em (1) (por isso da relação unidirecional entre eles) e a logomarca da empresa.

Sistema de navegação

Rosenfeld e Morville (2002) afirmam que o sentimento de estar perdido é associado à confusão, frustração, insegurança, ira e medo. Um sistema de navegação mal projetado afeta a usabilidade do website porque não orienta o usuário para onde o mesmo deve seguir.

Como citado em tópico anterior são 4 os elementos do sistema de navegação: Sistema de Navegação Embutido, Barra de Navegação Local, BreadCrumbs e CrossContent. O Sistema de navegação embutido é a logomarca da empresa que o projetista deverá posicionar em todas as páginas, nos locais especificados no sistema de organização; a Barra de Navegação Local são os Menus com os itens para áreas chaves do website, tais como: Home, Sobre a Empresa, Produtos Anteriores, Cadastro e Login; os BreadCrumbs são a localização atual do usuário no site e por fim o CrossContent são os produtos que deverão aparecer em todas as páginas, dando opção para o usuário acessar a qualquer momento um destes produtos.

Sistema de rotulação

Em tópicos anteriores foi citado que o rótulo deve conseguir falar a língua do usuário e eliminar ambiguidades, isso porque um usuário do Rio de Janeiro pode entender a palavra Chope como cerveja e um usuário de Belém poderá entender a mesma palavra como o que seria sacolé para os cariocas. Por isso, antes de definir rótulos para os Menus, links e categorias de produtos, é importante estudar o significado destas para diferentes regiões.

Além disso, tem-se a questão de Eliminação da Ambiguidade, que provocam confusão e frustração para o usuário. Ao procurar por um smartphone o usuário pode se deparar com duas categorias que tornam a procura ambígua: Categoria de Tecnologia e Categoria de Celulares. O correto neste caso é juntar ambas em uma só categoria, tal como Categoria de Tecnologia e Celulares, assim eliminamos ao máximo a ambiguidade.

Sistema de busca

Ao realizar uma busca o usuário deve ter a opção de buscar apenas os produtos ou todo conteúdo do website, tal como o conteúdo de cada página. Sendo assim, o sistema de busca deve contar com duas engines para suprir essa necessidade, onde uma engine será responsável por pesquisar os produtos no próprio website e a outra engine fará a busca externa, por conteúdos semelhantes nas páginas.

Referências

  • REIS, Guilhermo (2007). Centrando a Arquitetura de Informação no usuário.
  • ARAUJO DE CAMARGO, Soares; GREGÓRIO VIDOTTI, Borseti; AP, Silvana (2006). Arquitetura da Informação para biblioteca digital personalizável.
  • ALENCASTRO, Gabriela; C. TONDOLO,Alexandre; F. DE MELO, Fernando; C. SANTANA, Adriano (2012). Group Buying System (Site, consumers and merchants): A Current Overview of the brazilian context.
  • FRANCO, Guilhermo. E-book. Como escrever para a web: elementos para a discussão e construção de manuais de redação online. Acesso em abril/2013.
  • WURMAN, R. S. Ansiedade da Informação. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1991.
  • EWING, C., MAGNUSON, E., SCHANG, S. Information Architecture Proposed Curriculum.
  • ROSENFELD, L; MORVILLE, P. Information Architecture for the World Wide Web. Sebastopol, CA: O’Reilly; 1998.
  • POPCORN, F. O Relatório Pop Corn: centenas de ideias de novos produtos, empreendimentos e novos mercados. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
  • SANTOS, C. F. e CYPRIANO, P. C. Novas Configurações do Consumo em Rede: Dissipação e Criação de Valor. Rio de Janeiro: ENEC, 2010.