Triggers no SQL Server: Teoria e Pr�tica Aplicada

Muitas vezes, quando desenvolvemos aplicaç�es com acesso a bancos de dados, utilizamos estes apenas como dep�sito de informaç�es, sem explorar completamente os recursos que eles nos oferecem.

Alguns SGBDs (Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados) disp�em de diversas funcionalidades que, se utilizadas corretamente, podem trazer diversos benef�cios, tais como:

Maior facilidade na manutenç�o do sistema depois de implantando em ambiente de produç�o;
Ganho de desempenho, quando o banco de dados encontra-se em um servidor com boa capacidade de hardware;
Possibilidade de maior atuaç�o de um DBA (Administrador de Banco de Dados) no desenvolvimento e manutenç�o do sistema;

Os triggers s�o um �timo exemplo desse tipo de funcionalidade que nem sempre � aproveitado pelos desenvolvedores, muitas vezes por n�o conhecerem ou entenderem o funcionamento dessas estruturas ou por dificuldade com a programaç�o no banco de dados (no caso do SQL Server, utilizando a chamada T-SQL).

O que s�o Triggers?

O termo trigger (gatilho em ingl�s) define uma estrutura do banco de dados que funciona, como o nome sugere, como uma funç�o que � disparada mediante alguma aç�o. Geralmente essas aç�es que disparam os triggers s�o alteraç�es nas tabelas por meio de operaç�es de inserç�o, exclus�o e atualizaç�o de dados (insert, delete e update).

Um gatilho est� intimamente relacionado a uma tabela, sempre que uma dessas aç�es � efetuada sobre essa tabela, � poss�vel dispar�-lo para executar alguma tarefa.

Neste artigo veremos como trabalhar com triggers no SQL Server, atrav�s de um exemplo que simula uma situaç�o real, para facilitar o entendimento.

DevCast: Voc� usa Triggers?

Triggers no SQL Server

No SQL Server, utilizamos instruç�es DML (Data Manipulation Language) para criar, alterar ou excluir um trigger.

A sintaxe para criaç�o de um trigger � a seguinte:

CREATE TRIGGER [NOME DO TRIGGER]
ON [NOME DA TABELA]
[FOR/AFTER/INSTEAD OF] [INSERT/UPDATE/DELETE]
AS
    --CORPO DO TRIGGER

Listagem 1. Sintaxe de criaç�o de trigger no SQL Server

Os par�metros s�o:

NOME DO TRIGGER: nome que identificar� o gatilho como objeto do banco de dados. Deve seguir as regras b�sicas de nomenclatura de objetos.
NOME DA TABELA: tabela � qual o gatilho estar� ligado, para ser disparado mediante aç�es de insert, update ou delete.
FOR/AFTER/INSTEAD OF: uma dessas opç�es deve ser escolhida para definir o momento em que o trigger ser� disparado. FOR � o valor padr�o e faz com o que o gatilho seja disparado junto da aç�o. AFTER faz com que o disparo se d� somente ap�s a aç�o que o gerou ser conclu�da. INSTEAD OF faz com que o trigger seja executado no lugar da aç�o que o gerou.
INSERT/UPDATE/DELETE: uma ou v�rias dessas opç�es (separadas por v�rgula) devem ser indicadas para informar ao banco qual � a aç�o que disparar� o gatilho. Por exemplo, se o trigger deve ser disparado ap�s toda inserç�o, deve-se utilizar AFTER INSERT.

O entendimento de toda essa sintaxe, bem como do funcionamento dos triggers ser� facilitado quando desenvolvermos um exemplo pr�ximo de um cen�rio real, conforme faremos a seguir.

Exemplo pr�tico de Triggers no SQL Server

Para exemplificar o uso de gatilhos, tomaremos como cen�rio uma certa aplicaç�o financeira que cont�m um controle de caixa e efetua vendas. Sempre que forem registradas ou exclu�das vendas, essas operaç�es devem ser automaticamente refletidas na tabela de caixa, aumentando ou reduzindo o saldo.

Vamos ent�o criar as tabelas que utilizaremos neste exemplo e inserir o primeiro registro no caixa.

CREATE TABLE CAIXA
(
    DATA            DATETIME,
    SALDO_INICIAL   DECIMAL(10,2),
    SALDO_FINAL     DECIMAL(10,2)
)
GO

INSERT INTO CAIXA
VALUES (CONVERT(DATETIME, CONVERT(VARCHAR, GETDATE(), 103)), 100, 100)
GO

CREATE TABLE VENDAS
(
    DATA    DATETIME,
    CODIGO  INT,
    VALOR   DECIMAL(10,2)
)
GO

Listagem 2. Criando as tabelas do exemplo

Por l�gica, o saldo final do caixa começa igual ao saldo inicial.

Criemos ent�o o primeiro trigger sobre a tabela de vendas, que reduzir� o saldo final do caixa na data da venda quando uma venda for inserida.

CREATE TRIGGER TGR_VENDAS_AI
ON VENDAS
FOR INSERT
AS
BEGIN
    DECLARE
    @VALOR  DECIMAL(10,2),
    @DATA   DATETIME

    SELECT @DATA = DATA, @VALOR = VALOR FROM INSERTED

    UPDATE CAIXA SET SALDO_FINAL = SALDO_FINAL + @VALOR
    WHERE DATA = @DATA
END
GO

Listagem 3. Trigger no insert na tabela de vendas

Nesse trigger utilizamos uma tabela tempor�ria chamada INSERTED. Essa tabela existe somente dentro do trigger e possui apenas uma linha, contendo os dados do registro que acabou de ser inclu�do. Assim, fazemos um select sobre essa tabela e passamos o valores de suas colunas para duas vari�veis internas, @VALOR e @DATA, que s�o utilizadas posteriormente para realizar o update na tabela de caixa.

O que fazemos � atualizar o saldo final da tabela caixa, somando o valor da venda cadastrada, no registro cuja data seja igual � data da venda (l�gica de neg�cio simples).

Como sabemos que o saldo final da tabela caixa encontra-se com o valor 100,00, podemos testar o trigger inserindo um registro na tabela vendas. Vamos ent�o executar a seguinte instruç�o SQL e observar seu resultado.

INSERT INTO VENDAS
VALUES (CONVERT(DATETIME, CONVERT(VARCHAR, GETDATE(), 103)), 1, 10)

Listagem 4. Inserindo uma venda

Inserimos uma venda com a data atual, o c�digo 1 e o valor 10,00. Seguindo a l�gica definida, o saldo final do caixa agora dever� ser 110,00.

Podemos conferir isso executando um select sobre a tabela CAIXA e observando o resultado, conforme ilustra a Figura 1.

Figura 1. Tabela caixa ap�s a inserç�o da primeira venda

Agora precisamos criar um trigger para a instruç�o de delete, que devolver� o valor ao caixa quando uma venda for exclu�da.

CREATE TRIGGER TGR_VENDAS_AD
ON VENDAS
FOR DELETE
AS
BEGIN
    DECLARE
    @VALOR  DECIMAL(10,2),
    @DATA   DATETIME

    SELECT @DATA = DATA, @VALOR = VALOR FROM DELETED

    UPDATE CAIXA SET SALDO_FINAL = SALDO_FINAL - @VALOR
    WHERE DATA = @DATA
END
GO

Listagem 5. Trigger no delete na tabela vendas

Dessa vez utilizamos a tabela tempor�ria DELETED, que funciona da mesma forma que a INSERTED j� citada, por�m com os dados do registro que est� sendo exclu�do, em operaç�es de delete e update.

Nota: Em operaç�es de upate, o que ocorre na pr�tica � uma exclus�o do registro antigo seguida da inserç�o de um novo registro com os dados atualizados. Ent�o, em triggers para a operaç�o de update podemos utilizar tanto a tabela DELETED quanto a INSERTED.

Podemos agora excluir o registro da tabela VENDAS e verificar como o saldo do caixa � atualizado (deve voltar ao valor 100,00, devido ao cancelamento da venda de 10,00).

DELETE FROM VENDAS WHERE CODIGO = 1
GO

Listagem 6. Excluindo uma venda

Listando os registros da tabela CAIXA podemos ver que o saldo final foi atualizado, tendo sido subtra�do dele o valor 10,00, conforme esperado (Figura 2).

Figura 2. Saldo do caixa atualizado com valor subtra�do ap�s exclus�o da venda

Vemos ent�o que ambos os triggers est�o funcionando como esperado, sendo disparados com as operaç�es de insert e delete da tabela de vendas.

Conclus�o

Com este exemplo bastante simples � poss�vel perceber um ponto muito importante da utilizaç�o de triggers para automatizaç�o de certas aç�es. Por exemplo, o programador respons�vel por esta parte do sistema poderia optar, antes de ler este artigo, por atualizar a tabela de caixa manualmente ap�s cada operaç�o na tabela vendas, utilizando sua linguagem de programaç�o de prefer�ncia. Agora, ele apenas precisar� se preocupar com o registro e cancelamento da venda, pois a atualizaç�o da tabela de caixa ser� feita automaticamente pelo pr�prio banco de dados.

Com isso, o sistema em si, ou seja, o aplicativo, tende a ficar mais leve, pois parte da responsabilidade de execuç�o de algumas tarefas foi transferida para o servidor de banco de dados.

Apesar de breve, este artigo buscou apresentar os principais pontos sobre o uso de triggers no SQL Server, apresentando um exemplo pr�tico bastante pr�ximo a uma situaç�o real, com o objetivo de facilitar o entendimento.

Caso surjam d�vidas, cr�ticas ou sugest�es, a seç�o de coment�rios est� aberta logo abaixo.

Links:

Site MSDN

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