Trabalhando com Exceções em Java
Veja este artigo conceitos e práticas das exceções, saiba como funciona o processo de tratamento, captura e personalização. Saiba mais sobre as hierarquias e algumas práticas com métodos da classe Throwable.
Introdução
Podemos destacar que a exceção é um evento não esperado que ocorre no sistema quando está em tempo de execução (Runtime). Geralmente quando o sistema captura alguma exceção o fluxo do código fica interrompido.
Para conseguir capturar uma exceção, é preciso fazer antes o tratamento. O uso dos tratamentos é importante nos sistemas porque auxilia em falhas como: comunicação, leitura e escrita de arquivos, entrada de dados inválidos, acesso a elementos fora de índice, entre outros.
Classificação
O uso das exceções em um sistema é de extrema importância, pois ajuda a detectar e tratar possíveis erros que possam acontecer. Entretanto, na linguagem Java existem dois tipos de exceções, que são:
- Implícitas: Exceções que não precisam de tratamento e demonstram serem contornáveis. Esse tipo origina-se da subclasse Error ou RunTimeException.
- Explícitas: Exceções que precisam ser tratadas e que apresentam condições incontornáveis. Esse tipo origina do modelo throw e necessita ser declarado pelos métodos. É originado da subclasse Exception ou IOException.
Existe também a formação de erros dos tipos throwables que são:
- Checked Exception: Erros que acontecem fora do controle do programa, mas que devem ser tratados pelo desenvolvedor para o programa funcionar.
- Unchecked (Runtime): Erros que podem ser evitados se forem tratados e analisados pelo desenvolvedor. Caso haja um tratamento para esse tipo de erro, o programa acaba parando em tempo de execução (Runtime).
- Error: Usado pela JVM que serve para indicar se existe algum problema de recurso do programa, tornando a execução impossível de continuar.
Hierarquia de exceções
No Java, todas as classes de exceção herdam direta ou indiretamente da classe Exception, formando uma hierarquia demonstrada na figura 2.
A classe Throwable tem duas subclasses:
- Exception (java.lang.Exception) – É a raiz das classes originárias da classe Throwable, onde mostra as situações em que a aplicação pode querer capturar e realizar um tratamento para conseguir realizar o processamento.
- Error (java.lang.Error) – Também é raiz das classes originárias da classe Throwable, indicando as situações em que a aplicação não deve tentar tratar, como ocorrências que não deveriam acontecer.
Existe uma diferença entre “Erro (Error)” e “Exceção (Exception)”. O “Erro” é algo que não pode mais ser tratado, ao contrário da “Exceção” que trata seus erros, pois todas as subclasses de Exception (menos as subclasses RuntimeException) são exceções e devem ser tratadas. Os erros da classe Error ou RuntimeException são erros e não precisam de tratamento, por esse motivo é usado o try/catch e/ou propagação com throw/throws.
Blocos try/catch/finally
O bloco try tenta processar o código que está dentro, sendo que se ocorrer uma exceção, a execução do código pula para a primeira captura do erro no bloco catch. O uso do try serve para indicar que o código está tentando realizar algo arriscado no sistema.
O bloco catch trata a exceção lançada. Caso a exceção não seja esperada, a execução do código pula para o próximo catch, se existir. Portanto, se nenhum do bloco catch conseguir capturar a exceção, dependendo o tipo que for, é causada a interrupção ao sistema, lançando a exceção do erro. Um exemplo do uso desse bloco é visto em transações de Rollback, onde são utilizados para que a informação não persista no banco se for capturada uma exceção nesse bloco catch.
A bloco finally sempre finaliza a sequência de comandos do sistema, independente de ocasionar algum erro no sistema. Esse bloco é opcional, não sendo obrigatório sua inserção na sequência try/catch. É usado em ações que sempre precisam ser executadas independente se gerar erro. Um exemplo é o fechamento da conexão de um banco de dados.
Praticamente, o uso dos blocos try/catch se dá em métodos que envolvem alguma manipulação de dados, bem como:
- CRUD no banco de dados;
- Índices fora do intervalo de array;
- Cálculos matemáticos;
- I/O de dados;
- Erros de rede;
- Anulação de objetos;
- Entre outros;
import java.util.InputMismatchException;
import java.util.Scanner;
public class ExemploDivisao {
public static int calculaQuociente(int numerador, int denominador) throws ArithmeticException{
return numerador / denominador;
}
public static void main(String[] args) {
Scanner sc = new Scanner(System.in);
boolean continua = true;
do{
try{
System.out.print("Numerador: ");
int numerador = sc.nextInt();
System.out.print("Denominador: ");
int denominador = sc.nextInt();
int resultador = calculaQuociente(numerador, denominador);
System.out.println("Resultado: "+resultador);
continua = false;
}catch (InputMismatchException erro1) {
System.err.println("Não é permitido inserir letras, informe apenas números inteiros!");
sc.nextLine(); //descarta a entrada errada do usuário
}catch(ArithmeticException erro2){
System.err.println("O número do divisor deve ser diferente de 0!");
}finally{
System.out.println("Execução do Finally!");
}
}while(continua);
}
}
No exemplo da listagem 1, foi utilizado no método a palavra throws. Essa é uma questão que gera alguns conflitos, pois além dessa cláusula, existe também o throw. Então qual a diferença entre as instruções throws e throw? Qual momento é necessário usar uma e não o outra?
Cláusulas throw/throws
As cláusulas throw e throws podem ser entendidas como ações que propagam exceções, ou seja, em alguns momentos existem exceções que não podem ser tratadas no mesmo método que gerou a exceção. Nesses casos, é necessário propagar a exceção para um nível acima na pilha. A listagem 2 mostra como usar o throws.
public static int calculaQuociente(int numerador, int denominador) throws ArithmeticException{
return numerador / denominador;
}
Na listagem 2 foi usado um pedaço do código da listagem 1, onde mostra o uso do throws no método calculaQuociente.
Portanto, entende-se que a cláusula throws declara as exceções que podem ser lançadas em determinado método, sendo uma vantagem muitas vezes para outros desenvolvedores que mexem no código, pois serve para deixar de modo explícito o erro que pode acontecer no método, para o caso de não haver tratamento no código de maneira correta.
Enquanto isso, a cláusula throw cria um novo objeto de exceção que é lançada. A listagem 3 mostra que é criada um exceção IllegalArgumentException.
public class Exemplo_Throw {
public static void saque(double valor) {
if(valor > 400) {
IllegalArgumentException erro = new IllegalArgumentException();
throw erro;
}else {
System.out.println("Valor retirado da conta: R$"+valor);
}
}
public static void main(String[] args) {
saque(1500);
}
}
Métodos para captura de erros
A classe Throwable oferece alguns métodos que podem verificar os erros reproduzidos, quando gerados para dentro das classes. Esse tipo de verificação é visualizado no rastro da pilha (stracktrace), que mostra em qual linha foi gerada a exceção. Abaixo estão descritos os principais métodos que podem ser tratados no bloco catch para visualizar em que momento foi gerado o erro.
- printStrackTrace – Imprime uma mensagem da pilha de erro encontrada em um exceção.
- getStrackTrace – Recupera informações do stracktrace que podem ser impressas através do método printStrackTrace.
- getMessage – Retorna uma mensagem contendo a lista de erros armazenadas em um exceção no formato String.
Na listagem 4, a variável idade, como mostrado, espera um tipo inteiro. Para simular o erro, basta rodar esse código inserindo uma letra/palavra qualquer. Mais detalhes da geração do erro estão ilustrados na figura 3.
import java.util.InputMismatchException;
import java.util.Scanner;
public class Exemplo_PrintStrackTrace {
public static void main(String[] args) {
Scanner sc = new Scanner(System.in);
try {
System.out.print("Digite a idade: ");
int idade = sc.nextInt();
System.out.println(idade);
} catch (InputMismatchException e) {
e.printStackTrace();
}
}
}
Na listagem 5, se tenta acessar os elementos fora do índice, o que ocasiona o erro.
public class Exemplo_GetMessage {
public static void main(String[] args) {
try {
int[] numero = new int[5];
for(int i = 0; i <= 10; i++){
numero[i] = i;
System.out.println(i);
}
} catch (ArrayIndexOutOfBoundsException e) {
System.out.println("Array fora do índice: "+e.getMessage());
}
}
}
A figura 4 demonstra em maiores detalhes um tratamento com o método getMessage.
Conclusão
O objeto System.err é um fluxo de erro padrão, sendo utilizado para exibir erros de um programa. A saída de mensagens tem como destaque a cor vermelha na visualização do console. Quando utilizado esse objeto, pode ser enviado para um arquivo de log, enquanto um fluxo de saída padrão System.out envia para exibir na tela.
Geralmente, o uso de exceção está relacionado a códigos que desempenham alguma interação com dados, acesso a arrays/banco de dados, cálculos, ou seja, tudo que o compilador verificar que existe algum risco, será necessário o uso dos blocos/cláusulas de tratamento de erro.
Referências:
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