Governança ágil com MAnGve – Parte 2

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nos últimos anos têm sido alvo de aplicação e busca progressiva tanto nas empresas quanto no meio acadêmico, gerando maior demanda de esforços na elevação dos modelos de gestão e estabelecimento de práticas que desencadeiem plena concorrência às organizações.

Nesse contexto, surgiram e prosperaram as propostas de metodologias, guias de referência e frameworks como o COBIT e o ITIL. Desde então, as metodologias ágeis vêm se difundindo nos processos na área de engenharia de software por meio de iniciativas onde a comunicação e colaboração são essenciais.

Uma pesquisa sobre os ganhos de competitividade gerados por investimentos em tecnologias da informação e de comunicações (TIC) feita através da Information and Communications for Development em 2006, do Banco Mundial, expõe que nos países em desenvolvimento, as empresas que investem em TIC cresceram 9,5 vezes mais que as concorrentes que não possuem projetos na área. Enquanto no primeiro grupo as vendas subiram 3,8% no período, os últimos avançaram apenas 0,4%.

Desta forma, fica evidente que as empresas que utilizam algum tipo de framework para melhoria dos processos apresentam diferenciais competitivos em função dos benefícios associados a cada modelo, como a melhoria na qualidade dos serviços, redução de indisponibilidades, agilidade na resolução de problemas e maior segurança.

Para que se possa conduzir uma organização de TI nas empresas, independentemente de seu porte, é essencial a adoção de um ou vários modelos de gestão desde que os mesmos se enquadrem ao perfil desta empresa.

O MAnGve foi criado com a finalidade de sanar as principais carências e limitações dos modelos já existentes e, ao contrário destes, é adaptável às necessidades de qualquer tipo de empresa, consistindo em um framework ágil, simples, que adota o desenvolvimento iterativo e incremental. Este provê uma abordagem inovadora e recente sobre a aplicação de princípios, valores e boas práticas, usando como mecanismo para o alcance de seus objetivos um conjunto de metáforas e analogias a respeito do mangue, considerado o ecossistema biologicamente mais rico do planeta.

Sua proposta é atuar como referência prática para implantação e melhoria de processos e serviços de governança em TIC, com base em um ciclo de vida que incide de várias ou uma maré com a finalidade de diminuir riscos. Cada maré pode resultar na implantação ou melhoria de um ou mais processos ou serviços de governança em TIC.

Diante da complexidade em implementar modelos de melhorias de processos na área de TI, este artigo tem como finalidade apresentar um método que busque avanços em seus resultados, mesmo em empresas que não possuem experiência prévia com implantação de modelos de qualidade. Hoje em dia nas empresas, a governança em TIC está fazendo com que a TIC assuma sua função estratégica, por meio do alinhamento das iniciativas nessa área e das finalidades estratégicas de negócio. Este tema é útil às organizações que precisam garantir a continuidade dos processos de negócio, reduzir os custos de indisponibilidade e assegurar o retorno do investimento em TI. A governança em TIC está intimamente ligada ao alcance destes resultados.

Segundo uma pesquisa sobre práticas de governança em TIC, as maiores dificuldades enfrentadas para a implementação das melhores práticas são os aspectos culturais, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1. Pesquisa sobre o crescimento da Governança em TIC nas empresas.

Os resultados desta pesquisa indicam que as técnicas de governança estão em um grande processo de ampliação no país. Contudo, o percentual de empresas que já adotaram metodologias na área de TI ainda é pequeno. Deste modo, este artigo também poderá servir de base para a busca de informações sobre métodos de gerenciamento de governança, auxiliando empresas na escolha de um método viável de gestão.

Para o levantamento de dados, serão mapeados os processos atuais da empresa aqui chamada Gaspar Ltda., que atualmente não utiliza nenhuma metodologia padrão. A observação prática de implementação também permitirá a análise de vantagens do MAnGve, apresentando resultados alcançados por meio de relatório e gráficos. O framework MAnGve foi escolhido devido à busca contínua da simplicidade, e por ele concentrar-se na reflexão sobre a necessidade da adaptação a realidade das organizações e sobre o enfoque comportamental da equipe comprometida.

Serão expostas as ferramentas utilizadas para a realização do presente estudo, relatando uma breve descrição e aplicação, as características da empresa envolvida, os papéis dos participantes do processo de implantação do modelo, a avaliação da situação atual da empresa através de um mapeamento de processos e a aplicação de um questionário onde foram coletadas opiniões das equipes envolvidas. São detalhadas as dificuldades encontradas e os procedimentos realizados, com a avaliação dos resultados obtidos. Também são apresentadas perspectivas futuras dos autores, alinhadas aos objetivos do projeto.

Métodos utilizados

O estudo realizou o aprofundamento no ambiente da metodologia MAnGve através de análises e avaliações dentro de empresa de software. Foi estudada a metodologia de forma detalhada, e também, as características da empresa participante, como o número de colaboradores, caracterização dos setores envolvidos e o detalhamento dos processos internos relacionados.

O estudo ponderou a escolha de uma empresa, Gaspar Ltda., que não utilizava nenhuma metodologia, onde por meio do método MAnGve, buscou-se resolver os problemas encontrados, apontando as melhorias alcançadas com o uso deste método. Também foi realizado um mapeamento de processos e análise da situação atual, para ser possível formular as sugestões de solução.

Para a coleta de dados, foi criado e aplicado um questionário estruturado composto por 10 questões objetivas e dissertativas, aplicado aos colaboradores dos setores comerciais e suporte, do início ao final do mês de outubro de 2014, totalizando uma amostra de 14 colaboradores. Os resultados foram avaliados a fim de apresentar diagnóstico e identificar soluções alinhadas ao modelo, as quais foram aplicadas.

Um outro questionário estruturado, contendo nove questões, foi aplicado para buscar opiniões sobre os efeitos da implantação, também durante o mês de outubro de 2014, mensurando as implicações. Os resultados também foram coletados pela observação direta, através do acompanhamento das principais operações realizadas nesta empresa, identificando assim deficiências como a falta de conhecimento das equipes e a carência de padronização nas rotinas.

Com posse destes dados, foram formulados mapas e demais documentos que promoveram o entendimento da situação da empresa. Foram planejadas e executadas ações e medidas para diagnosticar e solucionar parte das dificuldades identificadas.