As novidades da Java EE 7 na prática
Conheça neste artigo os novos recursos do Java EE 7 e saiba como utilizá-los em seus projetos.
Desde sua primeira versão, lançada em dezembro de 1999, a plataforma empresarial do Java (conhecida antes como J2EE – Java 2 Platform Enterprise Edition, e hoje simplesmente como Java EE – Enterprise Edition) primou em aumentar a produtividade e eficiência no desenvolvimento de aplicativos corporativos.
Cientes das necessidades das empresas modernas de aplicativos conectados com a Web, a Sun, e atualmente a Oracle, concentraram esforços significativos em agregar à plataforma recursos que melhorem a segurança, performance e escalabilidade das aplicações criadas com a Java EE, simultaneamente com o aumento na produtividade do desenvolvedor – afinal de contas, é no ambiente empresarial que prazos e deadlines ditam as regras com relação ao tempo de desenvolvimento de uma solução.
Com as versões mais recentes da plataforma, como a Java EE 5 e sua sucessora, a Java EE 6, o uso de annotations tornou o processo de desenvolvimento significativamente mais rápido, evitando ao máximo que o desenvolvedor tivesse que manipular diretamente os “temíveis” arquivos XML de outros tempos.
Contudo, a rápida evolução da Web e das tecnologias agregadas fez com que novas funcionalidades fossem necessárias à plataforma. O lançamento do Java 7, em Julho de 2011, aguçou a expectativa dos desenvolvedores com a consequente atualização da Java EE, que neste momento ainda permanecia na sua versão 6.
Após dois anos de ativo desenvolvimento por parte da Oracle, com o imprescindível apoio da comunidade (dentro do JCP – Java Community Process –, do qual empresas, profissionais e grupos de usuário participam ativamente no processo de desenvolvimento de toda a tecnologia Java), para que finalmente a Java EE “igualasse” em número de versão com o Java “tradicional”. Em Junho de 2013, ocorreu o tão esperado lançamento da Java EE 7.
Recursos há muito tempo esperados pelos desenvolvedores estavam lá, como o suporte a HTML5 e as APIs de processamento de dados JSON e uso de WebSockets. Outros, contudo, tiveram que ficar “para a próxima”, como o suporte a multitenancy.
Este último recurso, desejado por muitos usuários para facilitar a implementação mais rápida e transparente de aplicações de múltiplos “hóspedes” em nuvem, teve que ser postergado para a Java EE 8, de forma a não atrasar (ainda mais) o lançamento da Java EE 7.
Apesar da ausência do multitenancy, o desenvolvedor não pode se queixar de falta de novidades. Junto da Java EE 7, chegou também a versão 4.0 do GlassFish, servidor de aplicações mantido pela Oracle como a referência para a Java Enterprise Edition.
No momento da elaboração deste artigo, apenas o GlassFish Open Source Edition 4.0 e o TMAX JEUS 8, da TmaxSoft, eram homologados pela Oracle como implementações totalmente compatíveis da Java EE 7. Aqui é importante salientar que o WildFly (antigo JBoss AS) 8.0, ainda em versão Beta, também promete compatibilidade total com a Java EE 7.
Os principais recursos incluídos nesta nova versão são o tema principal deste artigo, e após uma breve apresentação dos mesmos, implementaremos um exemplo prático que abrange duas das principais novidades da Java EE: JSON e WebSockets. Para aqueles que ainda confundem Java SE com Java EE, também será realizada uma rápida definição da Java EE e dos seus componentes principais.
Visão geral da Java Enterprise Edition
Desenvolvedores Java que já se encontram dentro do ambiente corporativo, provavelmente conhecem bem a Java Enterprise Edition, e as APIs e frameworks que fazem parte dela. Porém, quem teve apenas um contato superficial com Java, pode ainda não saber diferenciar corretamente o Java “tradicional” do Java “empresarial”.
Essa confusão, por incrível que possa parecer, acontece até mesmo com usuários experientes com “anos de estrada” na linguagem. Muitos ficam literalmente perdidos na hora de diferenciar Java SE (Standard Edition) e Java EE (Enterprise Edition). Tal confusão é perfeitamente normal, já que a linha divisória entre ambas não é realmente tão explícita quanto parece – afinal de contas, quando trabalhamos com Java EE também utilizamos o essencial da linguagem, definido dentro da especificação da Java SE.
É preciso entender que a Java EE nada mais é que uma especificação de APIs e tecnologias, que são implementadas por programas servidores de aplicação.
A decisão de qual servidor de aplicação que será usado por você ou sua empresa é uma questão de preferência pessoal e, principalmente, do nível de compatibilidade do servidor de aplicações com a especificação da Java EE.
Hoje, existem vários servidores de aplicação Java no mercado, cada um com seu nível de compatibilidade com a especificação dessa plataforma. Vários deles são de código-fonte aberto (open source) e livre distribuição, como o próprio GlassFish, o WildFly (antigo JBoss) e o TomEE, baseado no Tomcat.
A Java EE tem como propósito prover facilidades para a criação de aplicativos para empresas. Aplicativos empresariais devem implementar toda a lógica necessária para que uma empresa funcione adequadamente e consiga os benefícios desejados no uso de um sistema de informação.
O modo como essa empresa opera, produz e/ou vende seus serviços e produtos, assim como a relação entre esta e seus clientes e fornecedores, por exemplo, está dentro do que chamamos de regras de negócios. Cabe ao desenvolvedor transportar essa lógica, ou seja, as regras de negócio, para dentro do software.
Para chegar lá, ele precisará contar com uma série de facilidades dentro da linguagem ou plataforma de desenvolvimento que escolheu. A disponibilidade destes recursos, assim como a facilidade de usá-los e a produtividade alcançada, será fator decisivo na hora do desenvolvimento.
Por isso, ao escolher uma plataforma para desenvolver um software empresarial, o desenvolvedor quer contar com recursos que agilizem o processo de criação do software, trazendo também segurança e performance.
É justamente este o intuito da Java Enterprise Edition: trazer um conjunto de recursos que facilite o desenvolvimento de aplicativos empresariais, tirando do desenvolvedor a “carga extra” de ter que se preocupar demasiadamente com segurança, escalabilidade e desempenho. O programador deve se concentrar naquilo que realmente cabe a ele: implementar as regras de negócio da empresa.
Para atingir esse objetivo, diversas APIs e frameworks têm sido agregados à Java EE, desde a sua primeira versão. Estas tecnologias são divididas em um modelo multicamadas (Figura 1), adequado a um ambiente empresarial, onde devem ocorrer interações constantes e diretas entre diversas partes, como, por exemplo, clientes, fornecedores e funcionários.
Uma das camadas deste modelo abrange os componentes Web de uma aplicação Java EE, que podem ser desenvolvidos, por exemplo, com o uso de servlets, páginas JSP (JavaServer Pages) ou JSF (JavaServer Faces), e que trazem ao usuário do aplicativo empresarial a visualização e interação com o sistema, mas sem realizar o processamento e implementação das regras de negócio (observe a Figura 1).
As regras de negócio, por sua vez, são definidas em outra camada da aplicação Java EE, por meio do uso de APIs e frameworks direcionados ao desenvolvimento dos componentes de negócio, implementados em EJBs (Enterprise JavaBeans).
A Java EE engloba também diversas outras APIs, como por exemplo: JMS (Java Message Service), para troca de mensagens; JPA (Java Persistence API), para persistência de dados; JTA (Java Transaction API), para controle de transações; e JAX-RS/JAX-WS, para criação de web services.
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