Artigo .net Magazine 65 - Encarando o desenvolvedor

O valor dos Desenvolvedores

Quando eu comecei a programar profissionalmente, essa atividade era considerada uma carreira bem remunerada e empolgante, pois estávamos à frente da então “revolução da microinformática” que efetivamente colocou um micro em cada escrivaninha e mudou a maneira como as empresas operam.

Passados vinte e poucos anos, o desenvolvimento de software ainda é considerada uma atividade bem remunerada para um recém-formado com vinte e poucos anos. Por outro lado, acontecem algumas coisas estranhas que não se encaixam bem com esse começo promissor:

Eu tenho uma teoria que explica o “paradoxo” acima. O problema é o seguinte: a maioria do desenvolvimento de software no Brasil é terceirizado e cobrado direta ou indiretamente por hora trabalhada. As características desse relacionamento de negócio acabam influenciando o mercado como um todo. Coloque-se no papel de um fornecedor terceirizado:

Resumindo: quanto pior melhor. Mas e o cliente, não fica bravo? É lógico que fica, mas aí é que entra em cena o vendedor (ou “gerente de relacionamento”): ele tem que aparar as arestas e fazer o que for necessário para que o cliente não só assine o “aceite” do serviço como também produza novas ordens de serviço. O que for necessário. Uber alles.

Quais as lições que se tira disso? Se você for uma pessoa idônea na infeliz situação de contratar desenvolvimento de software, faça o seguinte: procure empresas de boa reputação mesmo que não sejam as maiores do ramo, tente se possível estabelecer pequenos projetos com preço fechado, estabeleça padrões técnicos de codificação e não caia na conversa doce dos vendedores.

Se você for um desenvolvedor, evite trabalhar em empresas de alocação de mão de obra. Procure uma empresa com um produto próprio, como uma software-house. Este tipo de empresa costuma ligar muito mais para a qualidade do produto, valoriza bons profissionais, tem planos para longo prazo e um fluxo de caixa que permite manter um quadro de funcionários estável independentemente do ciclo de negócios. Pelo menos será mais empolgante, divertido e instrutivo.

Mauro Sant’Anna já trabalhou com desenvolvimento de projetos e não vê o ramo com muito entusiasmo. O ocorrido com a Satyam Computer Services da Índia não o surpreendeu.

Nota: A maioria do desenvolvimento de software no Brasil é terceirizado e cobrado direta ou indiretamente por hora trabalhada.

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