Artigo Engenharia de Software 12 - Utilização do Controle Estatístico de Processos na Melhoria de Processos de Software

Artigo da Revista Engenharia de Software edição 12.

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Processo

Utilização do Controle Estatístico de Processos na Melhoria de Processos de Software

 

Conhecendo Ferramentas para Análise do Comportamento dos Processos

 

 

De que se trata:

Este artigo está diretamente relacionado ao artigo “Controle Estatístico de Processos de Software: Do “Chão de Fábrica” para as Organizações de Software”, publicado na edição anterior. No artigo citado foram apresentados os principais conceitos e questões relacionados ao controle estatístico de processos e sua utilização em processos de software. Foram abordados os conceitos de estabilidade, causas de variações (comuns e especiais), capacidade e uma breve introdução às técnicas estatísticas utilizadas no controle estatístico de processos foi realizada. Neste artigo, em complemento ao que foi discutido no artigo anterior, é realizada uma contextualização da utilização do controle estatístico de processos na melhoria de processos de software, as principais técnicas estatísticas são apresentadas e é discutido um exemplo de utilização de gráficos de controle para analisar o comportamento (estabilidade) de um processo, e um exemplo de utilização de histograma para analisar a capacidade de um processo.

 

Para que serve:

Incrementar o conhecimento essencial sobre a utilização do controle estatístico de processos para organizações, pesquisadores, estudantes e profissionais de software envolvidos em atividades relacionadas aos níveis gerencial e/ou estratégico das organizações.

 

Em que situação o tema é útil:

Organizações que estão a caminho dos níveis mais elevados de maturidade de seus processos e precisam implantar o controle estatístico de processos; organizações que estão iniciando o caminho de melhoria de processos e desejam, desde já, conhecer aspectos de controle estatístico de processos necessários no futuro, nos níveis mais elevados; profissionais envolvidos na implementação de programas de melhoria de processos de software; estudantes e pesquisadores que desejam explorar o tema.

 

Constantemente as organizações se questionam se os resultados por elas desejados estão sendo alcançados. Essa questão pode ser expressa de várias maneiras: se os objetivos estão sendo atingidos, se os clientes estão satisfeitos, se está havendo retorno do investimento, se o desempenho alcançado é suficiente para o crescimento requerido para a sobrevivência e a competitividade necessários, entre outras.

Para a maioria das organizações, responder a essas questões de forma objetiva e precisa não é uma tarefa trivial, pois nem sempre seus processos são gerenciados e, com isso, seu desempenho real não é conhecido.

W. Eduards Deming, reconhecendo a importância da gerência dos processos, baseou-se nos trabalhos de Walter A. Shewart para definir uma abordagem para gerência de processos e melhoria contínua que, inicialmente, foi implementada com sucesso em indústrias do Japão. A abordagem foi popularizada como PDCA – Plan, Do, Check, Act.

Com o passar do tempo, os conceitos, métodos e práticas associados à gerência de processos e melhoria contínua foram aceitos pela comunidade de software, que percebeu que os princípios do process-thinking poderiam ser aplicados em organizações de software a fim de alcançar melhoria da qualidade, produtividade e competitividade.

Gerenciar processos de software envolve definir, medir, controlar e melhorar os processos de trabalho associados ao desenvolvimento, manutenção e suporte de produtos e serviços de software. A gerência efetiva dos processos corrobora para que os produtos e serviços gerados atendam aos requisitos da organização e dos clientes e, consequentemente, contribuam para o alcance dos objetivos de negócio da organização.

 A aceitação e utilização do process-thinking pelas organizações de software levou à percepção de que os métodos de medição e análise tradicionais, que comparam os valores realizados com os valores planejados, não são suficientes para determinar o desempenho dos processos e responder objetivamente às questões citadas anteriormente.

Mais uma vez, a comunidade de software reconheceu a utilidade de métodos e práticas oriundos da indústria para resolver questões nas organizações de software. O controle estatístico de processos, que envolve gráficos de controle e métodos estatísticos, passou, então, das linhas de produção da manufatura para o desenvolvimento de software.

A utilização de gráficos de controle e métodos estatísticos provê aos engenheiros de software e gerentes uma visão quantitativa do comportamento de seus processos de software. Metaforicamente, os gráficos de controle estão para os gerentes e engenheiros de software assim como um medidor de temperatura está para um profissional que cuida do processo de transformação da matéria-prima em aço e que precisa realizar determinadas ações de acordo com a temperatura atingida pelos materiais ao longo do processo. Ou seja, os gráficos de controle guiam as decisões dos gerentes e engenheiros de software fornecendo o conhecimento necessário sobre o comportamento dos processos.

Gerência de Processos de Software e Controle Estatístico de Processos

Conforme mencionado anteriormente, a gerência de processos de software envolve definir, medir, controlar e melhorar os processos associados ao desenvolvimento, manutenção e suporte de produtos e serviços de software, a fim de que os mesmos contribuam para o alcance dos objetivos organizacionais.

Segundo princípios do controle estatístico de processos, a gerência de processos permite estabilizar e manter estáveis os níveis de variação do comportamento dos processos, possibilitando que resultados futuros sejam previstos, colaborando, assim, para um melhor alinhamento entre os objetivos e expectativas organizacionais e o desempenho dos processos.

Sendo assim, as responsabilidades da gerência de processos, considerando-se os princípios do controle estatístico de processos, podem ser descritas da seguinte forma:

a)Definir o processo

Consiste em definir a ‘base’ requerida para o controle e melhoria dos processos. Ou seja, envolve a definição dos processos que apóiam os objetivos técnicos e de negócio da organização; identificação das necessidades de informação e medidas relacionadas ao desempenho dos processos; e, fornecimento da infra-estrutura e habilidades necessárias para execução dos processos (métodos, pessoas e práticas).

b)Medir o processo

Consiste na coleta, armazenamento, análise e utilização de dados das medidas de desempenho para os processos da organização. Esses dados servem para determinar a estabilidade e capacidade dos processos, apoiar previsões, determinar " [...] continue lendo...

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